1. Sua transição de carreira foi muito corajosa! O que te fez perceber que a fotografia de casamentos era o caminho certo para você?
Rachel: Eu estava com 30 anos quando comecei a clicar os meus primeiros casamentos. Eu sou jornalista, e comecei minha carreira escrevendo e fotografando para veículos de comunicação…
Depois acabei migrando para a área de marketing e assessoria de imprensa, fiz várias especializações e estava seguindo carreira neste ramo.
Mas me sentia muito infeliz, tipo um passarinho preso na gaiola, sabe?
Eu não pertencia àquele ambiente! Sempre fui sensível, gostava de arte, de pintura, de música… Os sentimentos sempre muito aflorados, e isso definitivamente não combina com ambiente corporativo.
Quando cliquei pela primeira vez um casamento (como segunda fotógrafa, a convite de uma amiga) senti uma felicidade tão grande que é difícil colocar em palavras. Só me lembro de pensar: eu gostei MUITO de fazer isso! Eu posso continuar sendo jornalista, mas vou contar histórias com fotos, ao invés de palavras. E foi assim que tudo começou…
Fiquei 3 anos conciliando o escritório com a fotografia, até que me senti segura e pedi demissão. Este ano completei 14 anos desde o meu primeiro clique num casamento e hoje, finalmente, me sinto muito realizada e feliz profissionalmente.
2. O casamento é um momento repleto de emoção e pressão. Qual foi a cena mais emocionante que você já registrou e como se sentiu ao capturá-la?
Rachel: Fotografar casamentos é lindo, é gostoso, é divertido… Mas é MUITA responsabilidade! E saber gerenciar este peso da responsabilidade e da expectativa dos noivos ao mesmo tempo em que precisamos imprimir leveza e sentimento na fotos exige muita prática, segurança e concentração. Não existem atalhos: o segredo é praticar MUITO e chegar a um nível de excelência e segurança que minimize a margem de erro.
Tenho muitos “causos” para contar desses 14 anos de experiência… Mas recentemente registrei um casamento de uma família que viveu 8 anos o luto da perda de um pai. O casamento foi a primeira comemoração da família após todos estes anos de profunda tristeza. Foi lindo, foi forte e muito singular. Difícil segurar a emoção registrando um momento como este.
3. Como você busca colocar “a magia e a felicidade” em suas fotos? Existe alguma técnica ou detalhe em que você sempre presta atenção para garantir essa sensibilidade?
Rachel: A minha fotografia tem a característica de ser delicada e sensível, mas ao mesmo tempo carregada de emoção. Eu gosto muito da 35mm porque, além da versatilidade, é uma lente que abrange muito bem os contextos. E acredito que planos mais abertos sejam mais ricos em detalhes, contem melhor as histórias. Obviamente, quando quero focar mais num único assunto eu fecho o ângulo, e sou fã da 85mm também. Acho elegante e dá um ar de sonho nos retratos.
4. A fotografia de casamentos evoluiu muito nos últimos anos. Que tendências você mais gosta e o que evita seguir para manter sua assinatura única?
Rachel: Sobre a evolução da fotografia de casamentos, como tudo, sempre tem dois lados. Eu acho que com a entrada das mirroless ficou “mais fácil” fotografar. E com isso muita gente inexperiente entrou no mercado com o pé na porta. A concorrência é ótima, faz todo mundo crescer e melhorar.
Mas por outro lado tem muito fotógrafo cru, que desconhece fundamento básico de fotografia, se laçando no mercado com apenas um recorte muito superficial de fotos bonitas no Instagram. Consistência de trabalho na íntegra, é pra poucos…
Eu ainda prefiro seguir uma linha mais atemporal, onde a fidelidade das cores costuma ser mantida. Sobre as tendências, não tenho nada contra elas. Mas eu prefiro deixar para uma foto ou outra… Fotografia de casamento tem que envelhecer bem, para que os noivos vejam suas fotos daqui a 20/30 anos e continuem gostando delas.
5. Se pudesse dar uma dica para quem está começando a fotografar casamentos, qual seria o segredo para retratar o amor de forma tão autêntica?
Rachel: Minha dica para quem está começando é: se você gosta de gente, se interessa pela história do outro, você está no caminho certo. Seja empático, lembre sempre que aquele é o dia mais importante da história daquelas pessoas. Então dê sempre o seu melhor! Fotografe com a sua alma, leve junto suas vivências e suas experiências e você terá um trabalho único, com a sua assinatura singular.