DOCUMENTÁRIO: O ÚLTIMO ROLO DE KODACHROME

Imagina participar da despedida do filme com o qual você fez muitas das suas melhores fotografias… Encerrar a história do filme fotográfico que esteve contigo desde o começo da sua carreira.

 

Ainda que você fosse um fotógrafo mundialmente conhecido, integrante da MAGNUM PHOTOS e ganhador dos mais importantes prêmios fotográficos, ainda assim, é certo que você sairia para fotografar aquelas 36 poses de uma forma diferente.

 

THE LAST ROLL OF KODACHROME é um documentário da NATIONAL GEOGRAPHIC que acompanha o fotógrafo STEVE MCCURRY realizando essa importante missão: fotografar o último rolo do filme KODACHROME.

 

Mesmo sendo um filme aclamado por sua nitidez e cores vibrantes, com a popularização da fotografia digital, a Kodak anunciou, em junho de 2009, que ele não seria mais fabricado.

 

Mas que motivo levou a Kodak a deixar de fabricar um produto com mais de 70 anos de história e ainda considerado excelente pelos seus usuários?

 

“A Kodak foi a primeira empresa a criar a câmera digital, mas naquela época, a maioria de seus lucros vinha da vendas de produtos químicos utilizados nos filmes e eles tinham medo de investir em algo novo porque achavam que podia prejudicar o seu negócio tradicional”, disse Olivier Laurent, editor de notícias do British Journal of Photography. “Quando eles perceberam, o mercado digital tinha chegado para ficar, ultrapassado o filme e todos os concorrentes da Kodak tinham câmeras digitais muito superiores. As câmeras Kodak nunca foram boas e a empresa perdeu a reputação conquistada com o ‘momento Kodak’”. (Trecho da publicação KODAK: COMO A ERA DIGITAL SE VOLTOU CONTRA UM DE SEUS CRIADORES)

Ou seja, justamente por ter sido lider em sua área de atuação, acabou sendo vítima de decisões erradas que fizeram com que ela não se adaptasse às mudanças. Assim, não foi  possível ser atuante nos dois segmentos da fotografia: analógico e digital. Inevitavelmente, chegou um momento em que a fotografia analógica já não era capaz de manter sozinha a saúde financeira da empresa.

 

Voltando ao documentário, além de todo o valor histórico e afetivo, ele tem o mérito de te levar para saídas fotográficas com um grande nome da fotografia, o que acaba agregando valorosos aprendizados. Afinal, não é todo dia que acompanhamos um grande fotógrafo procurando temas nas ruas de NOVA YORK, registrando atores de HOLLYWOOD, BOLLYWOOD, além de interessantíssimos anônimos na ÍNDIA.

 

É interessante observar também as decisões que o fotógrafo toma com o intuito de garantir que cada uma das 36 poses seja especial. Por exemplo, primeiro ele faz testes com uma câmera digital, e só depois de ter a certeza de que vale o registro, ele usa a câmera com o filme. Outro exemplo, a opção pelo retrato, por trazer menos riscos do que as fotografias em movimento. Independente da vasta experiência do fotógrafo, tendo que resolver a foto com apenas um clique, todo o cuidado era, de fato, necessário.

 

Ao final, sentimos que a missão foi concluída com sucesso quando, após revelado, o filme encontra-se na secadora e percebemos o alívio do fotógrafo ao ver que havia imagens nele. Uma sensação indescritível que só a fotografia analógica é capaz de proporcionar.

 

O documentário pode ser visto gratuitamente no YouTube. Ele está em inglês, mas é possível gerar legendas automáticas em português. Clique aqui para assistir.

 

 

Escrito por Lili Figueiredo.

Foto: Steve Mccurry.

 

 

Referência:

Kodak: como a era digital se voltou contra um de seus criadores. Terra: 2012. Disponível em: https://www.terra.com.br/noticias/tecnologia/negocios-e-ti/kodak-como-a-era-digital-se-voltou-contra-um-de-seus-criadores,19382feb711ea310VgnCLD200000bbcceb0aRCRD.html. Acesso em 26 de janeiro de 2021.

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